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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Autossabotagem e os Ganhos Secundários

Para cada situação negativa que mantemos na nossa vida, existem "ganhos secundários". São algumas aparentes vantagens que o nosso inconsciente encontra para nos manter em uma situação de sofrimento. Parece sem lógica, mas é assim que funciona. Vou explicar melhor o processo.

Atendi durante um tempo uma mulher que era advogada, funcionária pública concursada, que estava de licença médica por ter desenvolvido uma depressão. Durante os atendimentos, entre outras questões, ela relatou grande insatisfação com o trabalho dela, que desejava encontrar outra coisa, mas não sabia exatamente o que. Sentia muito medo de deixar a segurança do salário do emprego público. Pensava inclusive em trabalhar como terapeuta, mas ainda não tinha nenhum tipo de preparo. Era apenas um desejo por enquanto.

O estado depressivo foi rapidamente melhorando com o passar das sessões. E foi aí que surgiu um "problema". Ela sentia que uma parte dela não queria de forma alguma se curar, para não ter que voltar ao trabalho que a deixava tão insatisfeita. O medo de voltar era grande. A depressão trazia um ganho secundário de mantê-la afastada. Tivemos que aprofundar e trabalhar bastante esse medo para que isso não viesse a sabotar o seu progresso. Eu lembro que ela chegou a ficar muito bem, mas ainda precisava fazer mais sessões. Acabou não entrando mais em contato. Não sei depois se ela voltou a trabalhar.

Certa vez uma médica que foi aluna de um curso meu relatou o seguinte caso. Ela trabalhava em um posto de saúde e acompanhou um homem que sofria com turbeculose. Ele passou meses frequentando o posto e seguindo a risca o tratamento; acabou ficando curado. Depois que se curou, falou que surgiu uma tristeza e um vazio, por saber que não ia mais ter que ir ao posto de saúde e ter contato com as pessoas de lá. Ele se sentia cuidado.

Havia um ganho em se manter doente. Era certamente uma pessoa carente de atenção familiar. Em alguns casos a doença pode se prolongar por muito tempo, pois inconscientemente não queremos nos libertar dela por causa dos "benefícios" que ela nos trazem. É possível então que esse homem venha a desenvolver alguma outra doença para que possa ser novamente cuidado por alguém.

Esses são casos mais extremos de autossabotagem devido a ganhos secundários. Entretanto, isso não ocorre somente nesses casos mais intensos. Em maior ou menor grau, toda situação negativa que não conseguimos nos libertar, nos traz algum ganho inconsciente. Esses ganhos as vezes podem ser fáceis de perceber, mas em outros casos podem ser tão estranhos e absurdos que nós não nos damos conta.

Uma mulher que se relaciona com um homem que a trai constantemente, ou que bebe muito e é violento, tem sempre ganhos em se manter nessas situações. E são vários os possíveis ganhos vamos ver alguns:

- Ser vista como uma mártir, uma pessoa boa, compreensiva e até espiritualizada; ganhar atenção e reconhecimento por isso.

- Manter a identidade da vítima (apego ao personagem) e colocar a culpa do seu sofrimento no marido e dessa forma não assumir a responsabilidade de mudar. Assumir a responsabilidade pela própria vida é uma libertação, só traz benefícios. Só que o processo de transição de sair da vítima e cair na real pode ser bem doloroso. Além disso, a quem ela vai culpar se por acaso se separar e ainda assim não conseguir ser feliz?

- Com sua baixa autoestima (sentimentos de menos valia, não merecimento, devido a culpas e rejeições que vem acumulando na vida); ela tem desejos inconscientes de sofrer e se punir e esse relacionamento preenche essa necessidade

Vemos então que os ganhos secundários em manter um problema podem ser de diversos tipos: Receber reconhecimento e atenção; ser cuidado pela família; Tirar licença do trabalho e até se aposentar antes do tempo; manter um personagem ao qual estamos muito apegados inconscientemente; preencher a vida com uma causa; culpar os outros pela própria infelicidade e não ter que ver a sua parcela de responsabilidade; punir a si mesmo devido a baixa autoestima; e etc...

E você? Que situações difíceis você vem mantendo, e quais os possíveis ganhos inconscientes. Faça a pergunta para si mesmo, mantenha a mente aberta para o que pode surgir. Talvez você se espante com as respostas. Trazer isso a luz da consciência é super importante para se libertar.

André Lima - EFT


5 comentários :

  1. Super esclarecedora sua postagem.
    Acho que todos passamos por esse processo algum dia. Acredito q tanto a tristeza/depressão por algo q estamos vivendo causa isso, como o inverso. Conformidade com a situação, medo de mudar ou talvez por não ver saída na situação. Acaba sendo necessário a cura física, emocional, psicológica, espiritual pra reverter o quadro.

    Ótima semana, abraços.

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  2. Oi Sheila!
    Caiu como uma luva. Tenho isso, sinto isso, constantemente. Sinto que me saboto com relacionamentos.

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  3. Sheila,
    Estou encantada com seu blog,excelentes textos, música relaxante, tudo de muito bom gosto. Parabéns!
    Abraço carinhoso,
    Fafá Chaves
    Crato- Ceará

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  4. Serei sua seguidora, adorei a música e principalmente o sininho.bjus no coração.
    Rosangela
    zanzasol@bol.com.br
    Santa Maria rs

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  5. Valeu por várias sessões de terapia!
    Beijos.

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