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quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Simplesmente Cante a Canção…


Cante a canção e não se preocupe! 
Ela alcançará a pessoa certa no tempo certo. Se não for hoje, será amanhã, se não for nesta sua vida, então em algum outro tempo. Mas ela alcançará, com certeza. Ela sempre encontra a pessoa certa que pode absorvê-la. 

Simplesmente cante a canção. Não se preocupe com quem ela irá alcançar; toda a sua preocupação deve ser: cantar com totalidade, e isso é tudo. Mais do que isso, não é exigido de ninguém. Não lhe cabe saber se ela será ouvida ou não. 

Quando uma flor nasce no meio de uma selva, ela não está preocupada se alguém vai passar por ali, 'para conhecer a linda fragrância que ela está liberando', ela simplesmente libera a fragrância. 

Se ela alcançar alguém para cheirá-la, ótimo; se ela não alcançar, qual o problema? A flor desabrochou, ela se ofereceu ao universo. Agora fica por conta do universo fazer o que quiser com ela.

Osho
imagem: google

domingo, 26 de novembro de 2023

Onde você estiver, é exatamente onde você deveria estar…



Onde você estiver, é exatamente onde você deveria estar. Onde quer que você esteja, se você puder simplesmente aceitar isso, o inferno desaparece, porque o inferno em si só pode perdurar através de sua rejeição a ele. Aceitando-o, o inferno desaparece e surge o paraíso.

É dito que uma pessoa iluminada não pode cair no inferno porque ela sabe bem como transformá-lo. Você certamente já ouviu falar que  "pecadores vão para o inferno, santos vão para o céu", mas você certamente entendeu errado. Corrigindo, poderíamos dizer que: onde quer que pecadores vão, eles criam o inferno. E onde quer que os iluminados vão, eles criam o  paraíso.

Nenhum iluminado é "enviado para o paraíso". Não há ninguém  para enviá-los. Porém, onde quer que eles vão, eles o criam, eles  carregam o paraíso dentro de si. E os pecadores? Onde quer que eles estejam, mesmo que seja em algum paraíso, eles criarão o seu inferno.

Osho
imagem: google

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Se eu Soubesse…



Se eu soubesse quando era criança, quando era adolescente, o que eu tinha. 

Mas, naquela época, eu só queria crescer, só queria ser independente, só queria a porta fechada do quarto sem ser incomodado. 

De tanto olhar para a frente, eu não via o que estava ao meu lado. Permanecia sem noção do que acontecia, da raridade daquele momento. 

Eu vivia o auge da família. Todos estavam presentes, todos estavam vivos, todos estavam em casa. Nunca mais seria assim. Nunca mais teria os irmãos disponíveis no mesmo espaço, nunca mais teria os pais acessíveis, nunca mais teria a facilidade de reunir a turma inteira ao redor da mesa. Nunca mais contaria com os avós conosco. 

Não havia ainda morte, doença, divórcio, crise, dívidas, medo, adeus, silêncio pesado, cadeiras vagas. 

Eu jurava que nada mudaria, que os laços se manteriam constantes e inabaláveis, que o sofá continuaria cheio e disputado na frente da televisão. 

Como os domingos se mostravam parecidos, não achei que fossem acabar. Sempre existia churrasco com o povo dançando, rindo das implicâncias de geração. 

Acreditei que não precisava me preocupar com a minha presença. Não faltariam novas chances. 

Confiei na fartura e agora me prendo à nostalgia. 

Se eu soubesse o que sei — que aquele período era uma exceção, não uma regra —, não me apresentaria emburrado, alheado, distraído. Eu me demoraria nas cenas, eu prestaria muito mais atenção nas conversas, eu gravaria detalhes das feições à minha volta, eu não me economizaria: estaria imerso e inteiro nas palavras ditas, ouvidas, armazenando saudade para os dias solitários do futuro. 

E pensar que o que mais desejava era comer rapidamente e me despedir, sair correndo em direção aos amigos da minha idade. 

— Já vai embora? Já acabou de comer? — minha mãe perguntava.

Nem respondia, ocupado com os meus sonhos. Levantava-me com pressa de ser feliz, e não percebia que esnobava a felicidade que não se repetiria depois.

Como gostaria de hoje recuar e voltar pacificado para o almoço, prolongando um pouquinho mais a duração dos encontros na minha memória.

Família representava caretice, obrigação, formalidade, normalidade imposta. 

Como eu me encontrava equivocado. Como eu me encontrava desinformado do destino. 

Os irmãos começariam a desocupar os dormitórios, a ir para longe, a espaçar as visitas, a devotar seu tempo integralmente ao trabalho, a equilibrar romance com carreira, a se atolar de preocupações, a cuidar da sua autonomia, a formar a sua própria família. 

Os avós morreriam, os pais envelheceriam, cada um se esconderia no seu canto. 

Jamais recuperaríamos a presença de todos, com os cotovelos próximos, apertando-se para caber na mesa, com a simplicidade bonita de olhar o passarinho para a fotografia. 

O ninho ficou vazio, os passarinhos voaram…

Fabrício Carpinejar 
Em sua coluna no Jornal ZH🍃

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Céu e inferno


Conta uma lenda que Deus convidou um homem para conhecer o céu e o inferno. Foram primeiro ao inferno. Ao abrirem uma porta, o homem viu uma sala em cujo centro havia um caldeirão de substanciosa sopa e à sua volta estavam sentadas pessoas famintas e desesperadas. Cada uma delas segurava uma colher, porém de cabo muito comprido, que lhes possibilitava alcançar o caldeirão, mas não permitia que colocassem a sopa na própria boca. O sofrimento era grande. 


Em seguida, Deus levou o homem para conhecer o céu. Entraram em uma sala idêntica à primeira: havia o mesmo caldeirão, as pessoas em volta e as colheres de cabo comprido. A diferença é que todos estavam saciados. Não havia fome, nem sofrimento. ‘Eu não compreendo’, disse o homem a Deus, ‘por que aqui as pessoas estão felizes enquanto na outra sala morrem de aflição, se é tudo igual?’ Deus sorriu e respondeu: ‘Você não percebeu? É porque aqui eles aprenderam a dar comida uns aos outros, a compartilhar. 


sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Albergue interior…



Dentro de nós moram vários eus. Somos um albergue em que a cada hora um bota a cara na janela.

Há um eu acusador que nos constrange por não sermos aquilo que esperávamos que já fôssemos ou que sentimos que devíamos ser.

Há um eu perfeccionista que se envergonha das nossas contradições, incoerências e ocultas dissimulações.

Há um eu artista, que se mascara de múltiplas faces, de acordo com o que lhe convém.

E, dentre tantos outros, há um eu amoroso, compassivo, acolhedor, que a tudo inclui, com generosidade, compaixão e aceitação.

Todos os eus fazem parte. Essa face amorosa é a que nos importa reconhecer, encarar e suportar o seu amor, para integrar todas as demais.

Esse eu amoroso, que vive no mais profundo, onde só se alcança com decisão e determinação, deve ser eleito síndico do albergue e organizar a casa na qual todos pertencem e tem um lugar.


Andrei Moreira 

Ilustração: Pinterest