Com berço ou cama compartilhada, independente da idade do bebê, aí vão algumas dicas ~genéricas~ para uma boa noite de sono. Sem deixar chorar e com muito amor.
1) Cada bebê é um
Você já sabe, mas repita como um mantra. Cada um tem suas próprias demandas, medos e gostos. Não compare os hábitos de sono do seu filho com o do priminho. Inspire-se, troque ideias com outras mães, mas lembre-se que o que funciona para um nem sempre é adequado para o outro.
2) Olho no olho
Durante o dia, separe um tempo para estar, de fato, com o bebê. Esqueça o celular, as tarefas e planos e conecte-se com o presente. Muitas vezes não é fome, pesadelo ou frio, mas sim saudade o motivo que os faz acordar e pedir colo. E aí questionamos: que saudade é essa se ficamos juntos o dia todo? Ok, mas nesse dia, quantas vezes você estava realmente entregue ao momento, olhando nos olhos, compartilhando risadas e descobertas?
3) O sol vai embora e chega a calmaria
Os bebês, principalmente os pequenos, costumam estranhar o fim de tarde. É hora de choro e muito colo. Visitar recém-nascido às 17h é o cúmulo da sem noçãozisse. O escurecer combina com recolhimento, menos brincadeiras agitadas, mais historinhas e aconchego. Não dá para em um minuto jogar a criança para cima, fazendo a maior farra e, no seguinte, esperar que ela esteja em clima de descanso. É interessante que haja um processo de diminuição de ritmo da casa até o momento de dormir. Essa diferenciação de dia e noite pode começar nos primeiros dias de vida e seguir por toda a infância. Farra é de dia, noite é calmaria.
4) Converse com o bebê
"Filho, daqui a pouco vamos tomar banho, mamar e dormir, tá bom?". Por mais novinho que o bebê seja, é importante lembrar que ele é um ser humano. Não dá para arrancá-lo de uma brincadeira divertida, sem mais nem menos, e enfia-lo embaixo d'água. Criar o hábito de conversar e sempre explicar o que vem a seguir não só colabora com o sono quanto com o desenvolvimento da linguagem. Nunca duvide da capacidade do bebê de entender o que você diz.
5) Banho, música, massagem ou história
Associe um momento gostoso à hora de dormir. O banho de chuveiro é interessante por dois motivos: promove o contato físico com os pais e a "inhaca" do dia vai embora pelo ralo. Claro que banho de balde/banheira também é bom, a imersão ajuda a relaxar o corpinho. Uma música tranquila colabora com o clima (no spotify tem playlists ótimas) e alguns amam ouvir uma boa história. Experimente e descubra do que você e o bebê gostam, o que funciona para vocês em cada fase.
6) Rotina é bom, mas não pire
É interessante que a hora de dormir aconteça, aproximadamente, em um mesmo horário. Isso não quer dizer que você deve faltar ao aniversário de 100 anos da vovó porque será de noite. Rotina é para o dia a dia, mas a flexibilização é saudável para toda a família, inclusive para o bebê. Ele não quer ser motivo de infelicidade ou isolamento de ninguém. Seja razoável, selecione os programas e deixe a rotina para dias "normais". Tudo bem dormir sem banho/música/história um dia ou outro, isso não significa que, necessariamente, ele acordará 345 vezes aquela noite. Se foi um dia gostoso, cheio de atenção e amor, a tendência é o contrário.
7) Não seja a louca do minuto a minuto
Na medida do possível, evite olhar o relógio cada vez que o bebê dorme/acorda. Você vai atende-lo de qualquer forma, não vai? Então pra que sofrer? Observe seu filho. Ele está saudável e feliz? Então, talvez, essa sonequinha de 22 minutos seja suficiente para ele naquela tarde. Você queria que ele dormisse mais? Bem-vinda ao clube. Sofrer por antecipação causa ansiedade e pode criar um problema desnecessário. "Ele acordou às 17:47 e só dormiu 34 minutos, isso significa que vai dormir às 21:17 e a primeira acordada será 23:23, ferrou tudo, a noite será péssima, já tô vendo, socorro!!!". E claro que a noite fica péssima mesmo, né?
8) Bebês acordam, entenda que isso é o normal
Dormir a noite toda é exceção da exceção. A maioria esmagadora de bebês acorda, seja uma, três ou oito vezes. Não quer dizer que será assim para sempre, mas que é assim naquele momento. Cada dia é um (outro mantra). Converse com mães sinceras e seja empática com as necessidades do seu filho. Os bebês sentem medo da solidão, é instintivo. E, quanto menores, mais vezes precisam acordar para se alimentar. Existem mil fatores objetivos e subjetivos que influenciam o sono, por mais que você quebre a cabeça tentando entender porque ele acorda tanto (é pico? É fome? É saudade?) é difícil saber ao certo. Estude as fases de sono do bebê de acordo com cada idade.
9) Respire (literalmente)
Sempre que for ajudar o bebê a dormir, seja ninando, amamentando, deitando com ele ou apenas estando próxima, observe a sua respiração. Os bebês coordenam a respiração com a nossa e isso os ajuda a relaxar. Quanto mais ansiosa para sair logo dali, mais vai demorar. Aproveite o momento, entregue-se. Mais fácil com eles do que contra eles, lembra?
10) Cuidado com os métodos que prometem ensinar o bebê a dormir
Dormir é uma necessidade biológica tão básica que nascemos sabendo fazê-lo, assim como respirar. O problema não é o bebê, mas sim o cansaço e a expectativa irreal do adulto. Os métodos que defendem a ideia de deixar o bebê chorar não os ensina a dormir, mas sim a se autodrograr (devido aos hormônios liberados pelo stress e o medo) e a se conformar com o abandono. Entendo que, para algumas famílias, essa pareça a única saída, diante de tanto desespero e cansaço acumulado. Avalie se esse é o caminho que quer percorrer. Se for, tudo bem, mas é importante entender as consequências para o bebê.
Recomendo o livro Dormir sem lágrimas, de Rosa José.
Texto: Marcela Feriani
imagem: google