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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Missão Impossível

No mais novo e divertido filme da série Missão Impossível, Tom Cruise costura, chuleia e prega botão no trânsito de Dubai. Faz ultrapassagens miraculosas, tira finos, quase atropela uma cáfila de camelos, detona com um Jaguar e sai ileso feito o Papa-Léguas. A plateia delira: eis um valente super-herói.

Aí o filme termina, as luzes se acendem e cada um volta pra sua vidinha sem efeito especial, em seu carro meia-boca e sabendo-se longe de ser um ás em qualquer coisa. Somos homens e mulheres comuns, nem tão belos e com uma profissão pouco empolgante. O que poderíamos ter de semelhante com um personagem tão incrivelmente cartunesco? Ora, ora, também podemos ter inimigos! Então, elegemos os outros motoristas como nossos opositores e assim transformamos a vidinha modorrenta num videogame.

Assim perdura nosso complexo de vira-lata. Quanto mais o cara acelera, faz ultrapassagens arriscadas e tem pressa em chegar antes que o motorista de trás, mais ele atesta sua infantilidade, sua inferioridade e seu despreparo para uma vida consciente e adulta. São babacas que possuem uma visão completamente deturpada de si mesmos. Contraditórios, eles se orgulham por beber, por não usar cinto e por dirigir agressivamente, sem se dar conta de que estão demonstrando o quanto são de segunda categoria.

O que importa é conhecer os truques para voar pelas estradas, sair sem um arranhão e ainda seduzir a garota mais bonita – que é outra babaca se aguenta tudo isso quieta.

Nossas estradas não são o bicho, a sinalização é deficiente, mas nada é de pior qualidade que nossos motoristas. São homens (e algumas mulheres também) impotentes para avançar em suas profissões, impotentes para ultrapassar a concorrência com uma ideia mais criativa, impotentes para conquistar o respeito da sua turma, impotentes para educar os filhos com responsabilidade, e por isso recorrem a malabarismos e palhaçadas no asfalto.

Usam o carro como um meio de transporte não de um lugar para o outro, mas de um status para o outro – só que são promovidos a delinquentes, não a agentes secretos.

Para eles, inimigos são os que obedecem às leis, os que têm cautela quando chove, os que reduzem em curvas perigosas e “atrapalham” os velozes. Será missão impossível reajustar esse foco?

A guerra no trânsito só terá menos vítimas quando motoristas imaturos tiverem amor próprio suficiente para não precisarem se exibir. Ninguém se torna mais admirável por chegar primeiro, por arriscar a vida e protagonizar cenas dignas de um filme de ação.

Esses continuarão menores que Tom Cruise (que já é pequeno) e sendo meros figurantes de uma viagem que exige bravura, sim, mas de outro tipo. A bravura de proteger sua família, de não enxergar os outros como rivais e de ter habilidade para dirigir a própria vida – que exige bem mais que um volante e um acelerador: exige cérebro.

Meninos de 18 anos, meninos de 42, meninos de 67: dirijam com prudência se forem homens.


Martha Medeiros
Fonte: ZH


plac! plac! plac! (aplausos!!!)

5 comentários :

  1. Esse texto mostra bem a realidade do nosso trânsito no Brasil, eu presencío muitas situações de desrespeito às leis e ao próximo. Infelizmente, preciso encarar o trânsito de Porto Alegre todos os dias, e é sempre estressante.
    Mesmo assim, temos que dar o exemplo.
    Beijos, amiga.
    Mari

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  2. Menina...eu vi o filme...e é realmente isso tudo. E a gente pensa...o que eles querem passar com isso...espero que só ficção!!!
    Beijos, muita energia positiva e passe sempre "lem casa"!
    CamomilaRosa

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  3. Muiiitos aplausos!

    E vamos parar, falar, criticar quem bebe e dirigi, virou lugar comum, cada um é diferente ao beber e dirigir, é capaz, sabe dominar, controlar, nada vai acontecer, até que acontece e muitas vezes com quem não estava bebendo e nem dirigindo.

    Abaixo o consumo excessivo e cotidiano de álcool.
    Viva os bons hábitos, os bons costumes!
    Viva o motorista responsável, prudente, lúcido!

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  4. Aplausos! rsrsrs

    O filme é tudo né?


    beijoquinhas :*

    Tenha uma ótima quinta ")

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  5. Também estou aplaudindo.
    Perfeito, como tudo que Martha Medeiros escreve.
    Beijos.

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